quarta-feira, 13 de julho de 2011

QUAL O PAPEL DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO?

Artenira da Silva e Silva[1]

A percepção de cidadania implica em refletirmos acerca dos direitos e deveres que cada um de nós possui no convívio social, e consequentemente essa reflexão nos mostra que precisamos parar para avaliar que regras sociais estão sendo introjetadas por nossas crianças no decorrer de seu desenvolvimento emocional.
O conceito de educação nos remete a alguns questionamentos: Educar para quê? Para o convívio social, para o desempenho profissional, para a aquisição de uma consciência de viver em coletividade... Quem deve educar nossas crianças? Todo o ambiente que as cerca, mas principalmente aqueles que lhes são, em geral, prioritariamente significativos - a família e a escola. 
Nem sempre a família e a escola parecem se dar conta de que têm esse papel, e assim o exercem independentemente de terem percepção disso ou de assumirem livremente essa tarefa. Isso acontece porque a educação das crianças e adolescentes se dá prioritariamente pelas relações interpessoais que se desenrolam nos espaços sociais por eles vivenciados, ou seja, os seres humanos são informados pelos diálogos que travamos com eles, mas acima de tudo são formados a partir dos comportamentos que eles observam e pela forma de nos relacionarmos com eles e com os outros.
Em outras palavras, o que ocorre com a criança nos seus ambientes familiar e escolar pode favorecer ou desfavorecer o seu desenvolvimento psicológico, mas jamais tem efeito neutro sobre o consciente e o inconsciente do cidadão em formação. Cabe aqui lembrarmos uma citação de Sartre de 1987: "Eu sou aquilo que consegui fazer com o que eles fizeram de mim".
A criança e o adolescente aprendem a se relacionar, a introjetar noções de certo ou errado e a adquirir regras de convívio social desde que nascem. Eles são muito sensíveis a mudanças bruscas de suas rotinas, como a separação dos pais, a mudança de casa ou escola, a troca de uma professora que era querida, uma enfermidade.... A essa altura podemos inferir a fundamental importância da família e da escola em atuarem em conjunto na educação dos nossos cidadãos. Sem essa interação o processo educacional da criança e do jovem pode ser muito prejudicado. A troca de informações acerca da criança ou do adolescente e a sintonia entre o que está sendo ensinado aos mesmos em ambos os ambientes pode favorecer decisivamente para a formação do cidadão. A escola não tem apenas a função de repassar conteúdos programáticos específicos, mas de contribuir para a formação global de seus alunos.
A essa altura nos é possível concluir que ser educado sem violência física, sexual ou verbal e por adultos que não negligenciem suas necessidades mais íntimas e humanas no trajeto de se tornarem seres humanos saudáveis e cidadãos ativos, é um direito de nossas crianças e adolescentes, o que torna pais, mães, professores e todos aqueles que têm o dever de colaborar eficientemente com seu processo de desenvolvimento.
Segurança, auto-estima, valorização pela vida, respeito pelos outros, disciplina, dedicação e fascínio por estar vivo são alguns dos ganhos que o ser humano adquire no decorrer de seu desenvolvimento emocional e nem a família ou escola conseguirão realizar essa tarefa eficientemente se tentarem fazer isso separadamente.
Precisamos nos questionar: Que atitudes favorecem ou desfavorecem o desenvolvimento infantil nas diferentes faias etárias? A escola tem algo a ver com a violência doméstica? Como a família pode influir nos rumos educacionais traçados pela escola? Como a escola pode influir nos rumos educacionais traçados pela família? 
Todas são questões relevantes para serem exploradas e acima de tudo incorporadas na rotina de todos aqueles que têm sob sua responsabilidade pessoal ou profissional a educação de crianças e adolescentes. Somos professores quando informamos algo, mas somos educadores apenas quando formamos pelas atitudes que esboçamos. 

[1]Artenira da Silva e Silva é Psicóloga Clínica, Mestre em Saúde e Ambiente, Profª. de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão. 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

CORRER RISCOS


Sêneca (orador romano)


Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!

quarta-feira, 6 de julho de 2011


A frase “Que notas são estas"? Sofreu uma deformação semântica, impressionante. É de pasmar até o mais proeminente filólogo da Língua Portuguesa, como as mesmas palavras aplicadas nas mesmas circunstâncias puderam mudar totalmente de significado com o tempo. No tempo, em que os pais, questionavam seus filhos quando tiravam nota baixa na escola, resolutos e incisivos, perguntava-os “Que notas são estas”? Complementavam, "Filho você vai ficar de castigo, sem brincar, para estudar mais." Em tempos de inclusão digital, a sentença funambulesca “Que notas são estas”? É dirigida pelos pais ao professor, que inerme e frustrado, ainda tem que escutar essa, “Meu filho tem que ser aprovado”. Na Grécia Antiga, Sócrates por tentar iluminar algumas mentes foi condenado a tomar cicuta. No Brasil “País do Futuro”, os professores tomam Tarja Preta.

Indisciplina escolar, um grande problema da educação.

Uma das questões mais discutidas no âmbito escolar está ligada à indisciplina, essa constantemente gera muita polêmica, as causas são inúmeras e dificilmente se chega a uma conclusão. 
Nesse sentido, o primeiro passo a ser traçado é a realização de uma análise no “embrião” do problema, ou seja, na origem da questão, é partir daí que se conhece os motivos que levam os indivíduos a comportar de forma indisciplinada. 
Antes de julgar o comportamento de alguns é preciso verificar a realidade da escola, da família, o psicológico, o social, além de muitos outros. 
As manifestações de indisciplina, muitas vezes, podem ser vistas como uma forma de se mostrar para o mundo, mostrar sua existência, em muitos casos o indivíduo tem somente a intenção de ser ouvido por alguém, então para muitos alunos indisciplinados a rebeldia é uma forma de expressão. 
Muitas escolas não oferecem espaços adequados para a prática de esportes, para brincar ou correr nos intervalos. Diante disso, o espaço escolar fica limitado somente à sala de aula, como crianças e adolescentes detêm muita energia, a falta de locais para “gastar” essa energia conduz à indisciplina. 
Outro aspecto de grande relevância é a família, problemas de diversas ordens podem acarretar na indisciplina escolar, talvez esse aluno conviva em um lar desestruturado onde os pais não se respeitam e assim reproduzem o que presencia em casa na escola. 
Além disso, problemas psicológicos e sociais atingem diretamente o rendimento escolar, mais precisamente no fenômeno da indisciplina que se tornou, nos últimos anos, um dos principais problemas da educação no Brasil. 
A indisciplina cresce constantemente, produto de uma sociedade na qual os valores humanos tais como o respeito, o amor, a compreensão, a fraternidade, a valorização da família e diversos outros foram ignorados.
Por Eduardo de Freitas
Equipe Brasil Escola